sábado, 7 de fevereiro de 2009



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Aulas direcionadas a cantores populares, atores e/ou locutores, profissionais e amadores, que desejam desenvolver e ampliar seu conhecimento em técnica-vocal e a capacidade expressiva da voz como um todo.

O objetivo com cantores é desenvolver a voz respeitando o gênero e estilo, trabalhar a consciência corporal e vocal de acordo com a estética musical que almejam. Desenvolver a projeção, intensidade e a capacidade de "moldar" a voz de acordo com a necessidade da canção, os ajustes vocais mais adequados à construção da personagem, a interpretação da voz falada e cantada para a interpretação musical teatral e oratória são pontos trabalhados.

As aulas são planejadas com o objetivo principal de atender às necessidades vocais profissionais e pessoais do aluno, sem método padronizado.

AULAS INDIVIDUAIS - DURAÇÃO DE 1 HORA E PERIODICIDADE SEMANAL
AULAS PARA PEQUENOS GRUPOS - ATÉ 5 PESSOAS
OFICINAS, INTENSIVOS E PREPARAÇÃO VOCAL PARA GRUPOS JÁ FORMADOS (grupos vocais, coros, de teatro...)
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Celebração da voz humana II

"Tinham as mãos amarradas, ou algemadas, e ainda assim os dedos dançavam, voavam, desenhavam palavras. Os presos estavam encapuzados; mas inclinando-se conseguiam ver alguma coisa, alguma coisinha, por baixo. E embora fosse proibido falar, eles conversavam com as mãos.

Pinio Ungerfeld me ensinou o alfabeto dos dedos, que aprendeu na prisão sem professor:
- Alguns tinham caligrafia ruim - me disse -. Outros tinham letra de artista.A ditadura uruguaia queria que cada um fosse apenas um, que cada um fosse ninguém: nas cadeias e quartéis, e no país inteiro, a comunicação era delito.

Alguns presos passaram mais de dez anos enterrados em calabouços solitários do tamanho de um ataúde, sem escutar outras vozes além do ruído das grades ou dos passos das botas pelos corredores. Fernández Huidobro e Mauricio Rosencof, condenados a essa solidão, salvaram-se porque conseguiram conversar, com batidinhas na parede. Assim contavam sonhos e lembranças, amores e desamores; discutiam, se abraçavam, brigavam; compartilhavam certezas e belezas e também dúvidas e culpas e perguntas que não têm resposta.

Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada".

Eduardo Galeano